Em uma entrevista raríssima de 1991, Michael Sweet e Robert Sweet, do Stryper, abriram o coração sobre a fase mais controversa da banda: o lançamento do álbum Against The Law.
A entrevista foi feita para o programa Real Videos, da emissora de TV cristã “TBN“. Eles falaram sobre as mudanças musicais e visuais, os desafios espirituais e a reação dos fãs.
Uma Nova Direção: “Queríamos Quebrar a Caixa”
Para o Stryper, os anos 80 foram marcados pelo sucesso estrondoso de álbuns como To Hell with the Devil e In God We Trust.
No entanto, a banda sentia que estava sendo confinada a um rótulo estreito. “Sempre esperavam que fizéssemos o mesmo tipo de música, com o mesmo visual amarelo e preto e letras sobre salvação,” explicou Michael. “Com Against The Law, quisemos quebrar essa caixa.”
A decisão de abandonar o icônico visual e suavizar as referências religiosas nas letras não foi fácil.
Muitos fãs se sentiram traídos e questionaram se a banda havia abandonado sua fé. “As pessoas diziam: ‘Vocês não amam mais a Jesus?’ E eu pensava: claro que amamos! Não é porque mudamos o estilo que abandonamos nossa fé,” comentou Robert.
Veja a entrevista completa, em inglês, no player abaixo:
Desafios Espirituais: “Eu Não Estava Indo à Igreja Como Deveria”
Além das críticas externas, a banda também enfrentava dificuldades internas.
Robert admitiu que, durante a gravação do álbum, passou por momentos difíceis em sua vida espiritual.
“Eu estava tendo dificuldades para encontrar uma igreja que eu gostasse, onde eu realmente sentisse que estava recebendo algo. Isso afetou minhas orações, minha leitura da Bíblia, e claro, minha música.”
Michael, por sua vez, reconheceu que houve momentos de fraqueza, mas que nunca abandonaram sua fé. “Deus ainda estava em nossos corações, e isso era o que importava.”
Polêmicas e Pressões da Gravadora: “Não Quero Isso no Logo!”
A tensão com a gravadora também foi um fator determinante na mudança de direção do Stryper.
Durante o lançamento de Against The Law, houve um debate acalorado sobre a presença do versículo Isaías 53:5 no logo da banda. “A gravadora disse que não queria o versículo porque poderia prejudicar a aceitação nas rádios. Eu insisti: ‘Quero isso no logo! Faz parte de quem somos!’”, lembrou Michael.
A insistência em manter o versículo, mesmo que em locais menos visíveis, foi uma forma de reafirmar a identidade da banda em meio às mudanças.
“Comprometemos colocando o logo com o versículo dentro do encarte, mas não na capa. Não estávamos nos envergonhando de nossa fé, mas tentando ser estratégicos”.
Fim dos Bíblias nos Shows: “Ainda Não Encontramos uma Forma Segura de Fazer Isso”
Outra mudança que causou alvoroço entre os fãs foi a interrupção da distribuição de Bíblias nos shows.
Conhecidos por arremessar exemplares para o público, o Stryper teve que repensar a prática após um incidente. “Tivemos um problema legal quando uma Bíblia atingiu um fã no rosto. Não queremos machucar ninguém! Estamos tentando encontrar uma forma segura de continuar com isso,” contou Robert, rindo da situação.
“Nunca Mais Spandex!”
Além das mudanças musicais e líricas, a banda também abandonou o visual característico dos anos 80.
Michael foi direto ao ponto: “Eu odeio spandex! Nunca mais vou usar isso. Prefiro jeans ou couro.”
A declaração, feita com bom humor, simbolizou o desejo de renovação da banda, não apenas no som, mas também na aparência.
Contra a Maré: “Estamos Aqui Para Fazer Rock e Levar a Mensagem de Cristo”
Apesar das críticas e controvérsias, o Stryper continuou fiel à sua missão. “Queremos alcançar as pessoas que nunca entrariam numa igreja,” afirmou Michael. “Deus nos deu esse dom, e vamos usá-lo para tocar essas pessoas através do rock.”
Robert completou: “Estamos cansados de sermos colocados em um pedestal ou tratados como vilões. Somos apenas caras normais, fazendo o que Deus nos chamou para fazer.”
Mensagem aos Fãs: “Ainda Amamos Cristo e Amamos Vocês”
No final da entrevista, os irmãos Sweet agradeceram aos fãs que permaneceram leais, mesmo em meio às polêmicas. “Queremos que vocês saibam que ainda amamos Cristo e amamos vocês. Continuaremos fazendo nossa música e levando nossa mensagem, da nossa maneira,” declarou Robert.
Em tempos de transformação e amadurecimento, o Stryper mostrou que é possível evoluir sem perder a essência. Against The Law pode não ter sido um álbum fácil, mas foi um marco de honestidade e coragem para a banda.